Neste texto trago-vos um tema nada consensual nos tempos de hoje. A existência, entre nós, de seres extraterrestres. Vou abordá-lo olhando para o passado e não para o presente, embora muitas sejam as evidências de hoje que poderiam, por elas próprias, revelar-nos a presença desses seres. Antes de começar a relatar algumas dessas histórias do passado, acho que é importante ter presente que os povos interpretam o mundo pelos olhos da sua cultura. Quando os índios da América do Norte, por exemplo, viram pela primeira vez uma locomotiva, chamaram-lhe "cavalo de fogo". Qual seria a reacção de um etnólogo mil anos no futuro se fosse confrontado com o testemunho desse povo, ao ler coisas como: "E o cavalo de fogo atravessou a planície deitando fumo pela cabeça. A sua voz era como o trovão estremecendo as montanhas onde vivia o nosso povo". Se tivesse uma mentalidade fechada, esse etnólogo concluiria que pelo facto de não existirem cavalos de fogo tal relato só poderia ser fruto da imaginação desse povo, algo justificado pelas suas várias superstições. Se fosse um etnólogo de mentalidade aberta, poderia compreender que o relato conteria em si mesmo a descrição real de algo que era estranho à cultura daquele povo. Talvez não chegasse à locomotiva, mas teria feito muito mais que o primeiro que se limitou a uma análise superficial e, de alguma forma, preconceituosa. Peço-vos, por isso mesmo, que olhem para essas histórias do passado com uma mentalidade aberta, compreendendo que muitos dos relatos estão condicionados pela visão limitada de um povo que não poderia ir para além dos seus arquétipos. São estes que nos permitem interpretar o mundo, colocar cada coisa no seu devido lugar. Se somos confrontados com algo que nos é estranho, tentamos definir essa estranheza à luz daquilo que conhecemos, distorcendo, naturalmente, a verdadeira realidade do que é observado.
Vamos então mergulhar nesse passado, percorrer várias culturas na procura de testemunhos que nos relatem a presença de seres extraterrestres entre nós. E comecemos pela Bíblia. Nas suas páginas, e refiro-me essencialmente ao velho testamento, encontram-se testemunhos vários da presença desses seres, que à luz dos arquétipos de então, eram confundidos com divindades e anjos. Quererá isso dizer que Deus não existe se concluirmos que os contactos do passado foram feitos com extraterrestres? De forma alguma. O conhecimento é transmitido à humanidade por aqueles que estão em sintonia com essa realidade maior, sejam eles mestres ou profetas, seres espirituais ou extraterrestres. Assim, no seu conjunto nada muda, pois os propósitos continuam a ser os mesmos, ou seja, elevar a espiritualidade do Homem.
Olhemos então para as escrituras na procura desses contactos com seres extraterrestres. Recuemos até ao tempo em que o povo Hebreu deixou o Egipto. Alguns relatos de quando atravessavam o deserto são bastante curiosos a esse respeito. Ora leiam: "E o senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvens, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvens de dia, nem a coluna de fogo, de noite.” (Êxodo, 13, 21). E mais à frente: "E o Anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles: também a coluna de nuvens se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e campo de Israel: e a nuvem era escurecida para aqueles, e para estes esclarecia a noite: de maneira que em toda a noite não chegou um ao outro" (Êxodo, 14, 19-20). No segundo livro dos reis, o profeta Elias foi elevado ao céu por um carro de fogo: "E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho" (Reis II, 2, 11). Num outro texto, o profeta Isaías descreve as nuvens como meios de transporte: "Eis que o senhor vem cavalgando numa nuvem ligeira, e virá ao Egipto: e os ídolos do Egipto serão movidos perante a sua face, e o coração dos egípcios se derreterá no meio deles" (Isaías, 19,1). É curioso que Deus, sendo um ser omnipresente, tenha a necessidade de nuvens para se deslocar. A não ser que esse Deus apenas o seja aos olhos daqueles que perante as suas limitações não poderiam definir um ser extraterrestre, equiparando-o a uma divindade.
A descrição mais completa sobre esses seres, no entanto, foi aquela descrita pelo profeta Ezequiel. Lembrem-se de ler o texto de mente aberta, tendo presente os arquétipos da altura para definir algo que lhe era estranho, o que significa que objectos ou veículos poderiam ser confundidos com seres vivos, como aconteceu com a locomotiva por parte dos índios.
"E olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte e uma grande nuvem, com um fogo envolvente, e à volta um resplendor, e no meio do fogo algo que parecia como bronze refulgente, e no meio dele a figura de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: havia neles semelhanças de homem. Cada um tinha quatro caras e quatro asas. E os pés deles eram direitos, e a planta dos seus pés como planta do pé de bezerro; e cintilavam à maneira de bronze muito polido(...) Com as asas juntavam-se um ao outro. Não se voltaram quando andavam, pois que cada um caminhava direito para a frente(...) E tinham as suas asas estendidas para cima, cada um duas, as quais se juntavam; e as outras duas cobriam os seus corpos. E cada um caminhava direito para a frente; para donde o espírito lhe dizia que andassem, andavam; e quando andavam, não se voltavam. Quando à semelhança com os seres viventes, o seu aspecto era como o de carvões de fogo acesos, como visões de archotes acesos que andavam entre os seres vivos; e o fogo resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos(...) Enquanto eu olhava os seres viventes, eis uma roda de fogo sobre a terra junto aos seres viventes, nos quatro lados. O aspecto das rodas e a sua obra era semelhante à cor do crisólio(...). Quando andavam, deslocavam-se para os seus quatro costados; não se voltavam quando andavam. E os seus aros eram altos e espantosos, e cheios de olhos à volta nos quatro(...). E sobre as cabeças dos seres viventes aparecia uma expansão à maneira de cristal maravilhoso, estendido por cima das suas cabeças(...). E o som das suas asas quando andavam, como ruído de multidão, como ruído de um exército. Quando paravam, baixavam as suas asas(...). E sobre a expansão que havia sobre as suas cabeças via-se a figura de um trono que parecia de pedra de safira; e sobre a figura do trono havia a semelhança que parecia de homem sentado sobre ele(...). Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor: este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor (Ezequiel, 1, 4-28)
Mas os testemunhos da presença desses seres não se ficam pela Bíblia, bem pelo contrário. Os deuses da zona do Pacífico desceram do espaço entre trovões, relâmpagos e estrondos. Na mitologia chinesa temos os dragões que simbolizavam a divindade ou a imortalidade, e que podemos, de uma forma análoga, comparar com os cavalos de fogo que os índios chamaram às locomotivas. Os Sumérios, Persas e Egípcios, adoravam "deuses celestes" que eram representados graficamente com rodas, esferas aladas e "barcas voadoras". Uma das lendas do Tibete começa com as seguintes palavras: "Há milhões de anos um certo número de seres sobre-humanos, vindos de um outro mundo superiormente evoluído, veio para a Terra para acelerar o progresso do planeta e da humanidade futura". Mas de todos os povos, aquele que mais referências faz a esses seres é o povo indiano. As suas escrituras remontam a um passado difícil de definir, relatando histórias anteriores às mesmas. Nos cânticos do Syavasva, no Rig-Veda, é dito o seguinte num dos hinos dedicados aos Deuses:
"Louvados sejam os que cresceram no vasto aéreo ou no vasto espaço do grandioso céu... Vinde, Marut, vinde do céu, do ar, da vossa morada; não vos retireis para o remoto! Vós, homens relampejantes com os vossos pétreos projécteis, violentos como o vento, vós, Marut, de cólera trovejante! Vós percorreis as noites, os dias, exercitais-vos no ar, no espaço das lançadeiras. Quando atravessais as planícies e as regiões intransitáveis, Marut, nunca sofreis danos. Quando, equilibrados Marut, homens do sol, homens do céu, largais em desenfreada cavalgada, vossos corcéis nunca afrouxam a corrida. Num só dia alcançais o fim do caminho. Escutai, Marut, a vossa grandeza é digna de ser honrada, o vosso semblante digno de contemplar, como o do sol. Vós cruzeis potentemente o espaço aéreo. Nascidos juntos, criados juntos, tendes boas proporções para crescer em beleza! Nem montanhas, nem correntes vos detêm. Vós, Marut, ides sempre onde vos propondes. Percorreis o céu e a terra...".
O que nos relata aquele que escreveu este texto? Uma série de superstições? O testemunho de uma imaginação fértil? Essa seria a explicação do etnólogo de mentalidade fechada, que também julgaria que "cavalo de fogo" era uma mistificação dos índios, quando na realidade se tratava de uma locomotiva.
Essas escrituras, desde os Vedas até às epopeias épicas do Ramayana e do Mahabharata, estão repletas de referências a esses seres divinos que se deslocavam em carros voadores. No Rig-Veda fala-se da comodidade dos veículos, do facto de se poder voar com eles para todos os lados assim como atravessar as nuvens mais altas. Descreve-se de uma forma pormenorizada esses mesmos veículos que eram, geralmente, feitos de metais nobres, como o ouro. No Mahabharata, várias são as referências a esse respeito:
- Ah, Uparicara Vasu! A espaçosa máquina voadora irá até ti, e se te acomodares nesse veículo, serás o único ser humano a assemelhar-se a uma divindade (Adi-parna 63; 11-16, 21-24)
- Ah, descendente de Kurus, essa pessoa malévola desceu dessa carruagem voadora que pode mover-se para a frente por todos os lados e é conhecida como "saubhapura" (Vana-parna 14; 15-22)
- Quando ele desapareceu do campo visual dos mortais, elevando-se muito alto no céu, distinguiu milhares de veículos aéreos estranhos (Vana-Parna 42; 30-34)
- Ele, o predilecto de Indra, entrou no palácio divino e viu milhares de veículos voadores para os deuses, uns postos de lado, outros em movimento (Vana-Parna 43; 7-12)
- Os grupos de Marut chegaram em veículos aéreos divinos, e Matali, depois de ter falado desta maneira, levou-me (Arjuna) na sua carruagem voadora e mostrou-me os outros veículos aéreos (Vana-Parna 168; 10-11)
- Do mesmo modo, os homens movem-se pelo céu em veículos aéreos que eles próprios decoram com cisnes e são tão cómodos como palácios (Vana-parna 200; 52-56)
- Os deuses aparecem nos seus veículos voadores para presenciar o combate entre Kripacarya e Arjuna. O próprio Indra, senhor do céu, chegou com um objecto voador especial que podia levar trinta e três seres divinos (Vana-Parna 274; 15-17)
Mas as escrituras vão muito mais longe, não se ficando pela descrição de veículos voadores mas também de cidades no espaço. No capítulo 3 do Sabhaparvan, um texto que faz parte do Mahabharata, é dito que Maya, aquele que era considerado como o arquitecto dos Asuras, projectou um salão nobre feito de ouro, prata e outros metais que foi enviado para o céu com 8000 tripulantes. Faz-se referência, igualmente, à cidade de Kuvera que era considerada como a mais bela da galáxia, medindo, depois de se converter para as medidas de hoje, cerca de 550 por 800 quilómetros; refere-se que esta estava suspensa no ar, repleta de inúmeros edifícios com reflexos dourados. Nesse mesmo texto é dito que os seres divinos viviam em enormes cidades no espaço de onde saíam vários veículos de formas diversas. Uma dessas cidades, de nome Hiranyapura, girava sobre o seu eixo. Fora construída por Brama, possuindo armas horríveis, desconhecidas dos humanos. No quinto livro do Mahabharata existe um relato curioso a respeito dessas armas:
"Abrasado pela incandescência da arma, o mundo retorceu-se e serpenteou. Os elefantes crestaram e caminharam cambaleantes... a água ferveu, todos os peixes morreram... as árvores desfaleceram umas atrás das outras... cavalos e carros arderam... ofereceu-se um panorama estremecedor... os cadáveres tinham ficado mutilados pelo calor horrendo, pareciam nunca ter sido seres humanos. Nunca houve arma tão horripilante! Nunca acreditámos que pudesse existir semelhante arma!".
Uma outra lenda indiana diz-nos o seguinte:
"Assim, o rei alojou-se no carro celeste juntamente com o pessoal do harém, as suas mulheres, os seus dignatários e um grupo de cada estamento de cidadãos. Alcançaram os confins do firmamento e por fim seguiram a rota do vento. O carro celeste circunvoou a Terra sobrevoou os oceanos e depois seguiu caminho para a cidade de Avantis, onde precisamente decorria uma festa. Depois de breve interrupção, o rei retomou a viagem perante o olhar de inúmeros espectadores que admiravam o carro celeste".
Esta lenda introduz-nos algo de novo. O veículo pertencia a um rei e não a um deus, ou seja, era tripulado por seres humanos e não por extraterrestres. Se tomarmos a lenda da Atlântida, que sempre foi considerada como um lugar onde a humanidade possuía uma tecnologia avançada, e também os relatos feitos nos Vedas e noutros livros, poderemos concluir que esses veículos não eram apenas usados por deuses, fossem eles extraterrestres ou intraterrenos, mas também por uma certa hierarquia dentro das várias comunidades humanas, embora em toda a literatura sânscrita se faça questão de frisar que a técnica de construção dos objectos voadores era de origem exclusivamente divina.
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