Começando com este texto, irei iniciar uma série de textos sobre assuntos de difícil aceitação o que poderá trazer algum descrédito da vossa parte para com tudo aquilo que irei abordar. Creio, no entanto, que seja importante falar desses assuntos, já que ao longo dos próximos anos irão ser confrontados com eles de uma forma sistemática. Muitas dessas realidades, ou supostas realidades, pois nada vos quero impor, abordam temas estranhos. O que serão, afinal, mundos subterrâneos perguntarão? Sobre tal assunto têm muito poucas referências, grande parte delas vindas de livros de ficção, como "A Viagem ao Centro da Terra" de Júlio Verne, ou de uma forma mais elaborada, "A Raça Futura" de Bulwer Lytton, ambos os livros escritos no século passado. O primeiro aborda de uma forma ligeira a expedição feita ao interior da terra, e o segundo, de uma forma mais elaborada, descreve a existência de uma civilização evoluída algures no interior do planeta; uma história, aliás, muito ao estilo de outras como a "República" de Platão, a "Utopia" de Thomas Morus e a "Nova Atlântida" de Bacon. Mas poderão esses mundos intraterrenos ser mais que uma simples história de ficção? É exactamente esse o tema que vos trago neste texto. Procurar compreender até que ponto a existência de uma civilização no interior da terra poderá ser real.
Vamos então percorrer algumas culturas do passado e do presente para tentar encontrar referências a esses mundos subterrâneos; olhar para as lendas e procurar compreender o que nos poderão elas relatar por detrás dos seus adornos. E podemos começar pela mitologia Grega que nos apresenta esse lugar subterrâneo como algo de sombrio e macabro; um lugar reservado a todos aqueles que ousavam enfrentar os deuses do Olimpo, contrapondo com os Campos Elísios onde eram acolhidos os bons. Para essas moradas subterrâneas, as terras escuras e abissais da noite, como sempre foram referidas, e cujo nome era Tártaro, eram enviadas todas as deidades que desobedeciam às ordens e aos mandatos do poderoso Zeus, os titãs que ousavam enfrentar o Deus supremo e todos aqueles que praticavam as mais variadas iniquidades. Era um lugar guardado por um cão de três cabeças chamado Cerbero que o jovem Orfeu conseguiu persuadir com a música da sua lira, penetrando nos escuros domínios de Hades/Plutão onde foi resgatar a sua amada Eurídice. Mas esta tradição, a de um lugar maléfico no interior da terra, não está confinada à mitologia grega e romana, mas encontra-se espalhada pelo mundo. Para os Celtas, por exemplo, esse lugar pertencia ao Deus Mider que era representado com um arco que este utilizava para seleccionar as suas vítimas que tanto podiam ser heróis como simples mortais. Na mitologia chinesa, por outro lado, esse mundo subterrâneo era formado por cidades e palácios, sendo um desses palácios pertencentes ao Rei Yama, aquele que decidia, após um longo interrogatório, quais eram as almas justas e as pecadoras. Esta insistência em colocar o inferno no interior da terra, poderá ter como origem as superstições criadas a partir da violência dos fenómenos naturais, pois o que poderiam ser os terramotos e os vulcões se não a força colérica de uma entidade má. No entanto, nem todos os povos vêem esses mundos interiores como um lugar maléfico. Para os Incas, por exemplo, o mundo encontrava-se dividido em três planos, sendo o primeiro reservado aos Deuses, o segundo aos humanos, animais e plantas, e o terceiro, o mundo interior, chamado Ucu Pacha, reservado aos mortos. Todos os planos estavam ligados por vias que davam acesso a cada um dos mundos. Do mundo interior podia-se aceder ao mundo da superfície por condutas naturais que ligavam os dois lugares e pelas quais brotavam as águas da terra. Reza a lenda que foi através dessas condutas subterrâneas que chegaram os fundadores do império Inca, Manco Capac e Mama Ocllo, liderando uma humanidade que agora já podia dirigir-se aos mundos superiores onde residiam os Deuses. Temos assim um mundo subterrâneo, não como um lugar maléfico, mas como o lugar de onde veio a humanidade, algo concordante com uma lenda dos índios Hopis que nos diz:
"Nós soubemos que, no início, o Grande Espírito distribuiu espigas de milho entre o povo, que tinha acabado de emergir neste novo mundo, vindo dos formigueiros subterrâneos, onde tinha sido protegido durante a destruição do terceiro mundo e enquanto os pólos mudavam de lugar(...)"
Outra referência a esses mundos é-nos dada por um monge tibetano de nome Djwhal Khul e cujo testemunho foi incluído no livro "Tratado sobre fogo cósmico" de Alice A. Bailey e que diz o seguinte a esse respeito:
"Encontra-se, nas profundezas da Terra, uma evolução de natureza peculiar, bastante semelhante à humana. Apresentam corpos de um tipo grosseiro, que poderiam ser considerados como definitivamente físicos, na acepção em que entendemos esse termo. Vivem em colónias, ou grupos, sob uma forma de governo adequado às suas necessidades, nas cavernas centrais, localizadas muitas milhas abaixo da crosta da Terra."
Outra crença, esta muito particular, é da cidade sagrada de Shambhala, situada, segundo as tradições do budismo Tibetano, por baixo do grande Himalaia. Para eles, Shambhala é um oásis de cultura Cósmica que serve de guia à humanidade, onde vivem espíritos esclarecidos e iluminados. É um lugar onde se encontram os seres que atingiram uma dimensão superior. Seres que aprenderam a falar a linguagem do Universo, e que por isso mesmo, estão em sintonia com este. Deixo-vos algumas palavras que Andrew Thomas escreveu no seu livro "Shambhala":
"A irmandade de Shambhala é presidida por uma restrita hierarquia de seres superiores aos quais frequentemente se faz alusão sob o nome de Mahatmas, o que, em Sânscrito, significa, as grandes almas. São seres sobre-humanos, dotados de grandes poderes, que acabaram a sua evolução neste planeta, permanecendo com a humanidade para facilitar o seu progresso espiritual."
Temos agora algo completamente diferente. Não mais os lugares infernais onde viveriam as almas renegadas, mas um lugar de paz; um pequeno paraíso onde se encontrariam seres iluminados.
Mas as referências a esses mundos intraterrenos não se ficam pelas histórias de ficção ou pelas várias lendas e mitos, mas podemos encontrá-las, também, noutros lugares. Allan Kardec, por exemplo, publicou no seu Livro dos Médiuns o testemunho de um espírito que falou desses mundos, embora o texto, pela incompreensão que o mesmo suscitou no autor, tenha sido incluído na parte reservada aos apócrifos. Deixo-vos a mensagem para uma melhor compreensão daquilo que foi transmitido:
"(...)Do mundo, não se conhece mais do que uma pequena fracção e tendes irmãos que vivem em latitudes onde o homem ainda não chegou a penetrar. Que significam esses calores de torrar e esses frios mortais, que detêm os esforços dos mais ousados? Julgais, com simplicidade, haver chegado ao limite do vosso mundo, quando não podeis mais avançar com os insignificantes meios de que dispondes? Poderíeis então medir exactamente o vosso planeta? Não creiais isso. Há no vosso planeta mais lugares ignorados que lugares conhecidos. Porém, como é inútil que se propaguem ainda mais todas as vossas instituições más, todas as vossas leis más, acções e existências, há um limite que vos detém aqui e ali e que vos deterá até que tenhais de transportar as boas sementes que o vosso livre-arbítrio fez. Oh não! Não conheceis esse mundo, a que chamais Terra. Vereis na vossa existência um grande começo de provas desta comunicação. Eis que vai soar a hora em que haverá uma outra descoberta diferente da última que foi feita; eis que se vai alargar o círculo da vossa Terra conhecida e, quando toda a imprensa cantar esse Hosana em todas as línguas, vós, pobres filhos, que amais a Deus e que procurais sua voz, o tereis sabido antes daqueles mesmos que darão nome à nova Terra."
Vicente de Paulo.
Esta mensagem, que Kardec tomou como pertencendo a um espírito brincalhão, revela-nos exactamente isso mesmo: a existência de outros lugares neste planeta, lugares que o homem de hoje desconhece. Podemos pôr a hipótese da mensagem ter sido transmitida por um espírito imaturo, alguém que conhecendo essa realidade se precipitou na sua divulgação, já que era um conhecimento que não estava ao alcance das pessoas de então, ou, por outro lado, ter sido transmitido por um espírito evoluído, consciente daquilo que fazia, e cujo conteúdo funcionaria como uma semente que apenas mais tarde viria a germinar.
Num outro livro, de nome Miz Tli Tlan, o autor, Trigueirinho, apresenta-nos o relato de alguém que esteve nesse lugar subterrâneo e que o descreve nestes termos:
"Na cidade podem-se ver ruas pavimentadas com pedras semipreciosas semelhantes às ágatas e aos rubis, e fontes ornamentadas com ouro. Os edifícios são altos, e têm as cores das pedras que cobrem as ruas. Os jardins são amplos e cheios de flores que desconhecemos(...) Um cinturão verde rodeia a cidade. Há conjuntos de lagos, outros de bosques e, por último, áreas agrícolas. O sistema alimentar para os que vivem em corpos físicos é composto de vegetais. Os animais que existem são os necessários para o equilíbrio ecológico, além daqueles que trabalham e evoluem em cooperação com o homem(...) As crianças maiores e os adultos dedicam-se a tarefas de acordo com a sua idade e com os assuntos que concernem à vida de Miz Tli Tlan. Os mais velhos são os sábios, integrantes dos numerosos conselhos que existem segundo necessidades específicas (...)Nessa civilização superior, a vida em geral desenvolve-se na mais completa ordem; o sistema de transportes utiliza veículos redondos de quatro ou mais assentos, e as viagens são feitas pelo ar, a uns cinquenta centímetros do solo. Mesmo parados, os veículos mantêm-se a essa altura e podem ser conduzidos até mesmo por crianças. Todos se vestem conforme as suas idades e a situação que ocupam na hierarquia. Os mais velhos usam uma espécie de túnica de tela extremamente leve. Trazem no rosto uma expressão de paz e, em silêncio, parecem nem notar a presença dos visitantes. Há refeitórios nos quais todos compartilham do alimento, que é frugal e apetitoso. As mulheres dividem entre si os cuidados com os filhos, podendo, assim, manter a pontualidade às reuniões tanto religiosas quanto as dos conselhos. Tais conselhos existem para que a experiência dos mais velhos possa servir aos demais. O clima é controlado e vive-se suavemente. Em se tratando do plano físico, o ar entra por condutas. A luminosidade é provida com lâmpadas alimentadas por campos de energia que podem ter uma vida activa de mais de um milénio."
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