Ao longo dos tempos, numa história dispersa na diversidade dos caminhos tomados, o conhecimento foi sempre transmitido ao homem gradualmente, acompanhando o crescimento espiritual dos povos e a compreensão que estes foram fazendo do mundo que os cercava. Da mesma forma que um professor discrimina o conhecimento que possui consoante os alunos que tem diante si, ensinando contas de somar a uma criança da primária e integrais a um aluno da universidade, as entidades espirituais, e outros seres que sempre nos acompanharam, também condicionaram esse conhecimento ao grau de amadurecimento da própria humanidade. No princípio, e falo essencialmente da cultura Judaico-Cristã, pois as outras pertencem a escolas diferentes, embora integradas num todo coerente, esses ensinamentos tinham como função criar as bases de uma sociedade ordenada e civilizada, tendo a forma de leis e mandamentos que ajudassem na maturação desse povo. Muitas dessas leis parecem-nos hoje absurdas e descabidas, mas não as podemos deslocar do seu tempo. Um adulto também considerará muitas das histórias que lhe foram ensinadas enquanto criança como sendo absurdas, mas elas tiveram a sua importância na solidificação de uma identidade que sem essas histórias poderia ficar privada de muitas das suas ferramentas. Aquilo que foi apresentado a esse povo era apenas o somar das contas que a criança aprende a efectuar, as bases para cálculos mais elaborados que um dia esta viria a realizar enquanto aluno da universidade. Tempos depois, após todas essas leis se terem enraizado profundamente na cultura desse povo, novos passos foram dados na crescente espiritualização do homem. Com a vinda de Cristo outros ensinamentos puderam ser mostrados, pois aquele povo já estava preparado e afinado com um determinado tipo de realidade que não aquela que foi revelada no velho testamento. Deus podia agora ser visto sem algumas das suas máscaras. Para muitos foi um choque, pois esperavam ver em Cristo um líder que os ajudasse numa vitória contra os Romanos, uma extensão desse Deus dos exércitos que até então tinha predominado sobre uma mentalidade ainda pouco espiritual. Mas Cristo trouxe uma outra realidade: um Deus de amor. Um Deus que em vez de lutar contra os inimigos do seu povo, pedia para que os amassem. Era uma nova linguagem, ainda não ao alcance de todos. Uma linguagem que permitiu àquele povo dar novos paços na sua espiritualização. Mas Cristo apenas falou daquilo que as pessoas de então podiam compreender, não revelando a verdade por inteiro. Assuntos como a reencarnação e o mundo dos espíritos estavam reservados para mais tarde; para o período em que essa criança, feita adolescente, se encontrasse em anos mais avançados, podendo, desse modo, compreender melhor tais realidades. Embora Cristo tenha-se referido à reencarnação quando falou de João Baptista como sendo o profeta Elias, e tenha mostrado essa outra realidade espiritual quando se transfigurou diante de Pedro, Tiago e João, aparecendo ao lado de Moisés e Elias, nunca chegou verdadeiramente a aprofundar esses assuntos, pois se o fizesse, poucos seriam aqueles que o poderiam compreender; algo bem evidenciado na conversa que ele teve com Nicodemos ao tentar instrui-lo acerca do novo nascimento, dizendo-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que, aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” Ao que Nicodemos não compreendendo, perguntou-lhe: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” (S. João: 3, 3-4).
A humanidade estava agora numa fase intermédia, mas ainda não na sua idade madura. Mais tarde, muitos séculos depois, a doutrina Cristã pôde finalmente ser acrescentada com outras realidades, pois a humanidade já tinha desenvolvido, não só as palavras, como a plasticidade mental para compreender outro tipo de conhecimento. E assim surgiu a doutrina Espírita que, embora tenha como base os ensinamentos de Cristo, trouxe uma outra dimensão que até então era domínio da superstição. A Allan Kardec foi transmitido aquilo que Cristo não pôde revelar, mas que agora já podia ser dado a conhecer ao homem. A partir dos contactos que este estabeleceu com alguns espíritos esclarecidos, uma nova doutrina pôde ser revelada e um novo passo foi dado na crescente espiritualização da humanidade. Mas também aqui apenas foi mostrado aquilo que o homem de então podia compreender, pois se os espíritos tivessem falado de outras realidades, de tudo aquilo que hoje já pode ser mostrado, nunca a doutrina Espírita se teria desenvolvido, pois seria difícil para as pessoas compreenderem algo que as transcendiam numa espiritualidade ainda não completamente desenvolvida. Algo bem evidenciado em algumas das respostas que um espírito deu a Kardec no seu Livro dos Espíritos quando este lhe perguntou: (182) “É-nos possível conhecer exactamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?” Ao que o Espírito respondeu: “Nós, Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos achais...” E mais à frente, numa nova pergunta: (628) “Por que a verdade não foi sempre posta ao alcance de toda a gente?” Resposta: “Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.” Hoje já tudo pode ser mostrado sem as máscaras do passado, embora muitas dessas realidades sejam, ainda, difíceis de compreender. Já temos, no entanto, as ferramentas necessárias para trabalhar esse conhecimento.
Nos próximos textos irei abordar alguns desses temas polémicos. Devem, no entanto, interpretar tais textos como simples histórias. Nada vos quero impor na partilha que irei fazer desse conhecimento que apenas o será se cada um de vocês assim o entender, e por isso mesmo não irei apresentá-los como sendo a verdade. Para já são apenas isso mesmo: histórias que partilho convosco e que cada um deverá interpretar em si mesmo.
A humanidade estava agora numa fase intermédia, mas ainda não na sua idade madura. Mais tarde, muitos séculos depois, a doutrina Cristã pôde finalmente ser acrescentada com outras realidades, pois a humanidade já tinha desenvolvido, não só as palavras, como a plasticidade mental para compreender outro tipo de conhecimento. E assim surgiu a doutrina Espírita que, embora tenha como base os ensinamentos de Cristo, trouxe uma outra dimensão que até então era domínio da superstição. A Allan Kardec foi transmitido aquilo que Cristo não pôde revelar, mas que agora já podia ser dado a conhecer ao homem. A partir dos contactos que este estabeleceu com alguns espíritos esclarecidos, uma nova doutrina pôde ser revelada e um novo passo foi dado na crescente espiritualização da humanidade. Mas também aqui apenas foi mostrado aquilo que o homem de então podia compreender, pois se os espíritos tivessem falado de outras realidades, de tudo aquilo que hoje já pode ser mostrado, nunca a doutrina Espírita se teria desenvolvido, pois seria difícil para as pessoas compreenderem algo que as transcendiam numa espiritualidade ainda não completamente desenvolvida. Algo bem evidenciado em algumas das respostas que um espírito deu a Kardec no seu Livro dos Espíritos quando este lhe perguntou: (182) “É-nos possível conhecer exactamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?” Ao que o Espírito respondeu: “Nós, Espíritos, só podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos achais...” E mais à frente, numa nova pergunta: (628) “Por que a verdade não foi sempre posta ao alcance de toda a gente?” Resposta: “Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.” Hoje já tudo pode ser mostrado sem as máscaras do passado, embora muitas dessas realidades sejam, ainda, difíceis de compreender. Já temos, no entanto, as ferramentas necessárias para trabalhar esse conhecimento.
Nos próximos textos irei abordar alguns desses temas polémicos. Devem, no entanto, interpretar tais textos como simples histórias. Nada vos quero impor na partilha que irei fazer desse conhecimento que apenas o será se cada um de vocês assim o entender, e por isso mesmo não irei apresentá-los como sendo a verdade. Para já são apenas isso mesmo: histórias que partilho convosco e que cada um deverá interpretar em si mesmo.
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